Uma nova modalidade de ataque é usada por ladrões em Praia Grande, litoral sul de São Paulo: spray de espuma atirado nos olhos da vítima. Entre segunda e terça-feira de carnaval, 52 jovens foram detidos agindo dessa forma. Em grupos, os ladrões fingiam ser foliões e espirravam o produto, aproveitando a cegueira momentânea para roubar relógios, anéis, correntes e celulares. Na retaguarda, comparsas armados com pedaços de pau davam apoio.

Os ataques a pedestres, ciclistas e motoristas ocorreram no calçadão no bairro Tupi, pouco antes da meia-noite dos dois últimos dias de carnaval. “Eles aproveitavam o clima de festa para atacar as vítimas”, disse o inspetor Márcio de Souza Santos, da Guarda Civil Municipal.

Na segunda-feira, 17 jovens foram detidos, e, na terça-feira, outros 35 levados à delegacia central, entre adolescentes e adultos. Na segunda, um homem que teve celular, corrente de prata e boné furtados reconheceu dois ladrões – um adolescente e um adulto. Na terça, outra vítima que teve o boné furtado reconheceu, ainda com olhos irritados pela espuma, mais dois adolescentes. Eles foram autuados e entregues aos pais, que devem apresentá-los à Vara da Infância e Juventude nesta semana.

Os guardas civis apreenderam seis correntes de prata e ouro, um anel de ouro, um relógio, nove celulares, 18 bonés, 25 bicicletas e oito porções de maconha com o grupo detido. “Alguns tentaram fugir pela areia, mas conseguimos detê-los com o apoio de motocicletas”, disse o inspetor Santos.

No dia anterior, o motorista de um Fiat Brava se negou a entregar dinheiro aos jovens e teve o para-brisa quebrado e a lataria amassada na avenida beira-mar, também no bairro Tupi, segundo a Guarda Civil.

Segundo o delegado titular da Delegacia Sede da Praia Grande, Odair Fernandes Grilo, somente duas vítimas procuraram a delegacia para registrar os roubos. “Pedimos que as pessoas que foram furtadas ou assaltadas procurem a delegacia para registrar queixa e reaver os bens. Sem queixa não conseguimos fazer prisões.” A Delegacia Sede de Praia Grande fica no número 11.084 da Rua Doutor Roberto Almeida Vinhas.

No Rio de Janeiro, a venda do spray de espuma quase foi proibida durante o carnaval deste ano, mas uma liminar concedida pela Justiça em 24 de fevereiro tornou a venda legal até que a lei municipal seja analisada.

Em Caraguatatuba, no litoral paulista, a venda de sprays de espuma é proibida desde 2006 por lei municipal. A multa para comerciantes que não cumprirem a regra chega a R$ 1.269,45.

Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que fabricantes e importadores do spray apresentem testes de absorção cutânea (que meçam a probabilidade de alergia e letalidade se ingerido) e de irritação dos olhos.

Na Rua 25 de Março, tradicional centro de comércio popular na capital paulista, um frasco de spray de espuma com 300 ou 500 ml custa em média R$ 4. De acordo com lojistas, no período que antecede o carnaval, as vendas do produto crescem 90% e as crianças são o público alvo.

Fonte: Jornal da Tarde